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SOBRE

A propriedade pode ser privada, mas a cidade é coletiva e nós queremos discuti-la. Ainda não sabemos qual a melhor solução para o Cais José Estelita, mas sabemos que a proposta atual está longe. E nós queremos propor! Não pretendemos criar uma verdade, não temos a fórmula mágica. Queremos discutir a nossa cidade e essa é a nossa proposta. Observem, critiquem e façam as suas também! Vamos construir juntos!

O principal conceito desse projeto é mostrar que há várias soluções possíveis que conjuguem os interesses financeiros e imobiliários sem prejuízo aos interesses urbanos. Não há uma polarização antagônica. Há, sim, um radicalismo, de origem egoísta e preguiçosa, das empresas de ramo imobiliário associado a uma exacerbada conivência, impotência e preguiça do setor público, resultando em um sistema fadado ao fortalecimento privado em detrimento da qualidade pública.O nosso projeto é a representação de que esse modelo, vigente por uma acomodação geral, está ultrapassado. Não há vilões, nem heróis. A iniciativa privada é necessária, mas o interesse público tem de prevalecer.

A proposta alternativa do #penserecife foi pensada pelos arquitetos: Antonio Neto, Bruno Calazans, Fox Figueiredo, Isis Figueirôa, Manoela Pires, Melina Motta, Pedro Jessen, Raissa Mattoso, Renata Paraíso, Thiago Valença, Tibério Valença

PROJETO

O nosso ponto de partida foi a resolução do lote como um equipamento metropolitano, que extrapole seus limites e atraia uma concentração de pessoas heterogêneas em diferentes períodos do dia. Além disso, partimos do princípio da utilização deste empreendimento para revitalização de áreas degradadas do Centro da cidade, como as Avenidas Sul e Dantas Barreto, assim como buscamos uma revitalização de estruturas existentes e abandonadas, preservando a história e trazendo novos usos, incorporando-as ao empreendimento.

O primeiro elemento estruturador de nossa proposta foi a conexão da Avenida José Estelita com a Avenida Dantas Barreto, criando um novo equilíbrio na avenida do camelódromo e possibilitando sua conexão direta à zona sul. Como forma de revitalização de espaços degradados, ampliamos a Praça Sérgio Loreto, conectando-a com uma grande Praça Cívica, que divide nosso lote em duas porções, trazendo a percepção da frente do rio para o interior da ilha, facilitando a inteligibilidade espacial do Centro da cidade.

 A partir dessa divisão proporcionada pela Praça Cívica, setorizamos o empreendimento com edifícios residenciais e corporativos na porção Sul, enquanto na Norte foi implantado o setor hoteleiro, mais próximo à praça Cívica, e o setor cultural, sendo este mais próximo ao Forte das Cinco Pontas e do Bairro do Recife.Ainda na porção Norte, buscamos criar uma conexão direta com a frente do rio, possibilitando que a população apreenda e se utilize do potencial paisagístico do local.

No polo cultural, revitalizamos os 28 galpões, transformando-os em um equipamento de recreação, lazer e cultura. Para eles, projetamos um complexo com quadras e piscinas cobertas, salas de cinema e teatro, restaurantes e áreas de exposições, sempre buscando integrá-los com áreas externas ampliando sua área de atuação. Ainda sobre os galpões, como forma de manter a memória, para que nunca voltem a apresentar o estado de degradação atual, em alguns momentos mantivemos seus telhados desfalcados com árvores os transpassando, enquanto em outros momentos cobrimos com telhado de vidro.

 Com a retirada do Viaduto das Cinco Pontas, conseguimos conectar os galpões com o Forte e a Praça Frei Caneca, amplificando a vocação cultural do lugar. Por último, criamos uma grande praça de lazer que abriga um espaço de encontro, inclusive com eventos e shows, atraindo um público além do seu entorno imediato para o local.

Quanto à porção Sul, buscamos uma implantação que garantisse um ótimo aproveitamento do potencial paisagístico do rio, mas que também dialogasse com a Avenida Sul, contribuindo com a sua tão necessária revitalização. Além disso, optamos por preservar os dois grandes galpões existentes, criando uma coberta, de caráter contemporâneo, conectando-os e ampliando suas áreas de atuação. Nestes galpões projetamos um complexo empresarial, com lojas e salas de portes variados para atender a diferentes públicos.

Para os edifícios residenciais e corporativos, optamos por implanta-los de modo elevado, livrando o passeio para os pedestres, que circulam em uma grande área de convivência, e possibilitando a presença de comércio no térreo, promovendo o uso misto. Suas volumetrias buscaram criar um jogo de luz, sombras e visadas, otimizando o conforto térmico e dotando o volume de forte identidade estética. Os edifícios pousam em pisos elevados, com até dois pavimentos, onde abrigamos lojas comerciais e vagas para veículos, além da criação de um teto jardim sobre a laje. As demais vagas necessárias estão localizadas em um pavimento semienterrado, permitindo a totalidade para vagas cobertas.

CONCLUSÃO

O nosso objetivo com a apresentação deste estudo é estimular a reflexão sobre a cidade que queremos viver. É natural, e saudável, que você se identifique, ou não, com nossas soluções. Queremos o debate! Queremos que a população enxergue que há muitas outras respostas para a questão do Estelita. E que, por saber disso, cobre melhores proposições. Queremos aumentar o vocabulário de soluções urbanas do cidadão que não é urbanista, para que ele não se contente com propagandas enganosas. Este estudo não almeja ser a solução final, apenas quer ajudar na construção de uma consciência urbana que deve existir no cidadão comum e, principalmente, no poder público.

Vista aérea do cais José Estelita com o estudo proposto.

Planta do estudo proposto para o cais José Estelita.

Vista aérea do cais José Estelita e da bacia do Pina a partir dos galpões.

Vista, a partir da Avenida Sul, dos galpões que abrigariam salas comerciais, lojas e restaurantes, além de uma estação de vlt.

Integração dos edifícios com a Avenida Sul.

Os edifícios residenciais tem uma relação franca com o entorno, com espaços destinados a comercio, serviço e restaurantes em seus embasamentos.

Vista do edifício do hotel a partir da bacia do Pina. A praça a frente do hotel conecta o público com a frente dágua.

Os armazéns ganhariam uso cultural, recreativo e de lazer e também passariam a se conectar diretamente com a frente dágua.

Os silos passariam a abrigar espaços de shows e apresentações artísticas.

A conexão com a Avenida Dantas Barreto seria feita através de uma praça cívica que funciona como um prolongamento pedonal da avenida.

Praça cívica.

Skyline da proposta alternativa, respeitando o entorno histórico, a escala humana e da cidade.